A terceira edição do Projeto de Internacionalização de Dramaturgias dirige em 2022 o seu olhar para textos dos Países Baixos. Como nas etapas anteriores, artistas brasileiros de diferentes regiões do país traduzem obras (holandesas, neste acaso) e realizam leituras dramáticas dos textos, numa ação com parceria entre a Plataforma BRAC, o Nederlands Letterenfonds – Dutch Foundation for Literature, o Performing Arts Fund NL, o Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil e a Editora Cobogó.
Os textos mais uma vez serão trabalhados através de residência artísticas e/ou encontros onde encenadores(as) brasileiros(as), autores(as) holandeses(as) e companhias de teatro local compartilham o processo criativo e preparam as leituras que são apresentadas ao público, no lançamento das publicações que acontece nos Festivais do Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil em 2022/23.
As cinco obras que formam a Coleção Holandesa, publicadas pela Editora Cobogó, dão continuidade e ampliam a biblioteca do projeto, e disponibilizam novos textos para criadores da língua portuguesa. Este processo gera encontros entre artistas, promove novas experiências, aproxima e constrói relações – verbos que ganharam outra dimensão pós-pandemia.
Esta nova edição é uma conquista de todes; uma oportunidade para conhecer boas histórias, colecionar memórias e relações:
Ressaca de palavras, de Frank Siera
Tradutora: Cris Larin
Num dia frio e aparentemente insignificante de abril, na pequena cidade balneária britânica de Sheerness, surge um homem vindo do mar. Nada se sabe sobre sua origem. Por meses, a pequena cidade é tomada por esse mistério. Sempre calado, o forasteiro se contenta em tocar piano por horas a fio, despertando a curiosidade de todos. Pouco a pouco se multiplicam as hipóteses dos aldeões sobre ele. Quem é esse homem? Por que não diz nada? Baseada numa história real, Ressaca de palavras é uma peça poética, com um texto repleto de musicalidade e ritmo.
Planeta Tudo, de Esther Gerritsen
Tradutores: Ivam Cabral e Rodolfo García Vásquez
No planeta Tudo tem tudo aquilo que qualquer um poderia desejar – mas somente um item de cada. Quando algo quebra, não existe reposição. Ou melhor, é preciso ir até esse lugar onde há vários exemplares de coisas diferentes: um estranho planeta chamado Terra. Jan, Sylpia e Bavo, três extraterrestres nativos de Tudo, vêm à Terra disfarçados de humanos, em busca de peças sobressalentes. Tentando se comportar da maneira mais terrestre possível – o que não é nada fácil – experimentam os vastos e ambíguos sentimentos humanos. Planeta Tudo é uma comédia absurda, tão leve quanto crítica, que faz rir e pensar a partir dos hábitos e as peculiaridades dos seres humanos.
Eu não vou fazer Medeia, de Magne van den Berg
Tradutor: Jonathan Andrade
O espetáculo está prestes a começar. Na coxia, uma atriz se recusa a entrar em cena: não quer mais interpretar Medeia, personagem imortalizada pelo poeta grego Eurípedes. Farta de tudo e sentindo-se deslocada, ela reflete sobre viver no mundo do teatro e a relação conflitante com seu ofício, desfazendo o pacto com o palco e quebrando a expectativa de todos ao seu redor. A partir de um texto poético e hipnótico, primorosamente construído, vencedor do Taalunie Toneelschrijfprijs, importante prêmio holandês de dramaturgia, Eu não vou fazer Medeia é uma obra sobre a coragem de questionarmos tudo aquilo em que acreditamos um dia.
No canal à esquerda, de Alex van Warmerdam
Tradutora: Giovana Soar
Num futuro distópico, a lei do mais forte rege as relações humanas. Em cena, assistimos aos conflitos entre os Meyerbeers e os Boumans, as duas últimas famílias brancas do mundo. Elas são inimigas mortais, carregando um ódio que transcende gerações e, no entanto, do qual ninguém conhece a origem. Em meio a esse cenário de desesperança e terror, Lucien Meyerbeer enfrenta o pai para pedir Angélica Bouman em casamento – evitando, assim, a extinção da raça branca.
A nação – Uma peça em seis episódios, de Eric de Vroedt
Tradutor: Newton Moreno
Tudo começa com um mistério: no bairro multicultural de Schilderswijk, em Haia, uma criança desaparece sem deixar vestígios. Sanguessugas orbitam o drama familiar, vendo na tragédia uma oportunidade de autopromoção. A trama se desenrola em seis episódios inspirados em gêneros televisivos (drama policial, talk show e documentário), tal qual uma maratona de séries numa plataforma de streaming. Em cena, policiais, jihadistas, empresários, políticos e jornalistas lutam entre si, perdendo de vista o mais importante: a vida de uma criança. Em A nação, vencedor do Taalunie Toneelschrijfprijs, importante prêmio holandês de dramaturgia, Eric de Vroedt apresenta um desfile heterogêneo e complexo de personagens, amalgamando mídias e suportes para construir sua narrativa – o que potencializa o caleidoscópio humano que compõe a obra.
PROJETO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE DRAMATURGIAS – COLEÇÃO HOLANDESA
Idealização, Direção Artística e de Produção
Márcia Dias
Coordenação de Produção
Paula de Renor
Comunicação
Felipe de Assis
Coordenação Geral Brasil
Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil
Coordenação Geral Holanda
Anja Krans
Editora
Cobogó
Consultoria de Tradução
Mariângela Guimarães
Realização
Buenos Dias Projetos e Produções Culturais